Clarice Lispector, antes de qualquer coisa, criava narrativas que se perdiam dentro de outras. Clarice construiu matrizes. A escritora valorizou os processos de sua escrita para o incômodo: ler sua obra, é como ser apunhalado por uma faca de dois gumes.
Sendo assim, uma gota de oceano está presente em todos nós. Quantas vezes entramos no mar e, no contato junto à água, somos invadidos pelo líquido salgado que pode entrar da mínima à máxima forma sob nossa pele? Posso sentir a água salgada correndo pelas minhas veias e se multiplicando como o mar em mim. Se sou o mar, eu posso se tudo o que quero e você também.
Quantos dias podem ser ensolarados, mas frios como um típico momento de alto inverno?
Eu ainda estou pensando em defeitos que me sustenta. Quantos deles tive que abandonar e isso me desmoronou por completo?
Me sinto desmoronado. Não quero ouvir palavras de motivação, pois se a água salgada está em mim, isso significa que ser mar, é também ser salgado, ácido e corrosivo.
Volto logo, muito menos como um tsunami e muito mais como um mar de ondas calmas, onde chorar e velejar é sempre bem-vindo, onde os poetas se cruzam na inspiração de Caimmy, Clarice, Caetano e tantos outros “cês”.

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