Se somos o que somos, é pela dádiva e mártir da palavra. O que se pode pensar de um processo solitário? Que se faz só! Mas, aqui, nesse contexto, palavras se fazem companheiras de uma decomposição atômica. Quando escrevemos, materializamos o tempo, respingamos a matéria de consciência no mundo e somos invadidos pela crença tola de que palavras são importantes. Palavras são feitiços e nos temos presos ao seu pior lado, palavras são como facas amoladas, prontas para atravessarem os milímetros da ectoderme humana que se faz podre quando tomada pelo poder, pois este, apodrece o corpo. Dê ao escritor a legitimação do poder de suas palavras que verás, por outras lentes, a podridão do grito de dor que carrega suas sílabas, da covardia que o faz apagar e reescrever o mísero trecho que não o agrada. Quando se criam narrativas que representam dores, cria-se, sobretudo, a representação dos egoísmos que guiam a seletividade dos...